Tuesday, May 22, 2018

Justiça em relação a Francisco Taylor e o Suicidio na Torre da TV Cidade

Relato da Revista Veja de 9/10/1985 dá uma versão diferente da narrativa de Fco.Taylor durante o suicidio de João Alves


Tuesday, April 3, 2018

Mão Branca: mistério na vida e na morte, obra famigerada.

Mão Branca: mistério na vida e na morte, obra famigerada.
Francisco Taylor, o Mão Branca em tempos de Repórter Esportivo

Ao jogar "Mão Branca" no Google você encontrará referencias que vão desde o famigerado esquadrão da morte carioca dos anos 70 passando pela sociedade secreta da qual o assassino do Arquiduque Francisco Fernando, Gavrilo Princip participava, que ocasionou a Primeira e, quiçá, a Segunda Guerra Mundial.

Porém se você perguntar a qualquer fortalezense nascido antes dos anos 90 ele terá memórias, embora não muito boas de Francisco Taylor Teixeira Lavor, o repórter MÃO BRANCA.

O assunto é áspero: veio a tona algumas vezes em grupos sobre a historia de Fortaleza na internet, acompanhados de julgamentos acalorados sobre a ética jornalistica, o mundo-cão, a baixaria e o sensacionalismo, porém o assunto muitas vezes era apagado, que fica somente na especulação a na memória das testemunhas, o que acaba sendo o destino da memória nacional: o eterno clichê que como povo, não temos memória. E é dificil achar uma história oficial sobre o Mão Branca, tanto o programa televisivo quanto ao personagem desse repórter, que parece devido a sua infamia, ser mais um do filão dos anônimos ilustres.

Fransciso Taylor, que pelas poucas evidencias que se tem na internet de sua existencia, havia sido supervisor do Ceará Sporting Club e foi reporter esportivo de campo, e não se sabe quando entrou para o jornalismo policialesco, ainda na rádio Dragão do Mar, rádio que teria a concessão do canal 10 de Fortaleza, não fosse seu dono simpatizante de João Goulart, deposto pelo regime de 1964 que acabou favorencendo um 'chanceler' Edson Queiroz e seus Verdes Mares...

Com a abertura politica e relaxamento da censura no Governo de João Figueiredo, em algum momento do ínicio dos anos 80 na então TV Uirapuru Canal 8 (Hoje TV Cidade), Taylor surge com seu famigerado programa e personagem: O Mão Branca, a parte que transformou em criatura odiada e polemica aqui começa:




Luvas brancas como as de um mágico, origem do nome "Mão Branca"
O Programa seguia a fórmula do famoso programa mundo-cão de São Paulo: o Homem do Sapato Branco, era exibido nas madrugadas de sábado (e outras fontes dizem nas sextas) e num cenário tétrico o apresentador em tom sério de Alfred Hitchcock (seu inspirador paulista citava Frederich Nietzsche) apresentava a celeuma de noticias, porém enquanto Jacinto Figueira Jr. mostrava casos de pura encenação de baixaria, Taylor partia pro lado mais hediondo e grotesco possivel, comparavel a série de filmes "FACES DA MORTE", e com isso foi o primeiro e único por muitos anos, programa policialesco da TV Cearense, hoje tomado por cópias do CADEIA de Alborghetti, como Barra Pesada e Cidade 190, porém Mão Branca era um programa diferente desses atuais. Nas matérias, Taylor usava do personagem homonimo desse artigo: o camera somente mostrava suas mãos portando luvas brancas e Taylor empostava uma voz rouca, como de cigarro, uma versão do mal do famoso "seu gereba" do João Inácio Jr.

Enfim, vamos as temáticas que fizeram o programa infame: as noticias no geral eram noticias de tragédias das mais variadas, assassinatos, suicidios, acidentes automobilisticos, autopsias, tudo mostrado da forma mais explicita, e tudo isso ao som de "chariots of fire" (aquela da corrida de são silvestre) de Vangelis, executada do inicio ao fim do programa. Taylor fazia questão inclusive ao mostrar um cadaver, quanto mais grotesco fosse, de vários planos e angulos, uma cabeça decepada seria mostrada em plano americano, assim como o corpo da vítima.

E seus comentários também ajudavam a criar a figura odiosa do reporter


-"Você gosta de sangue? hoje temos um acidente de trem"-"Tá com medo de que Camera? defunto não se move"-"Hoje vocês vão ver uma criança morta"


A Indiferença de Mão Branca parecia remanescente de um coveiro, a frieza de um médico legista, e o sarcasmo digno de um assassino, daqueles que mata e vai tomar cafézinho no enterro da vítima, mesmo assim Taylor ainda tentou uma carreira politica se candidatando a vereador pelo partido de direita PSD em 1988, sem sucesso.

O programa mesmo exibido durante a madrugada, era líder de audiencia, o que explica muitos Cearenses lembrarem dele, mesmo pra dizer que aquilo os deixou eternamente traumatizados, e também mostrando uma faceta triste do desespero que nossa sociedade passava naqueles anos 80 e 90, a total penuria de muitos Cearenses que na dieta de somente farinha d'agua e rapadura somavam-se aqueles que figuravam em morte o elenco sombrio do programa, e outros milhares formando a plateia de telespectadores, que talvez sentiam-se melhores em ver alguém na pior situação pior que eles em vida: A MORTE

Aqui vão alguns notórios programas do MÃO BRANCA


O traumatizante e lamentável suicidio de João Alves, que virou carniça do Programa Mão Branca

1982 - O acidente do voo VASP 168: Mão Branca mostra os restos mortais das vítimas desse acidente e supostamente nem ele aguentou o cenario dizendo que "estava insportavel", os pedaços pendurados em arvores e desfigurados causaram traumas em muitas pessoas. Esse foi o acidente que vitimou o "chanceler" Edson Queiroz

- Fernando Soares Pereira, o Fernando da Gata, assaltante e estuprador natural de Russas e notório por suas fugas da policia é morto no Sul do País, Taylor se faz presente no funeral onde comenta que Fernando "Morreu mais de fome do que por bala" e para provar que o próprio havia sido realmente abatido, exibe sua exumação, sem corte ou tarjas em seu programa.

1985 - João Alves, um desempregado subiu na torre de 108 metros da TV Cidade (o mesmo canal do Mão Branca) e ameaçou saltar durante horas, sendo incentivado por pessoas no solo aos gritos de "pula, pula", Taylor ainda apareceu na cena e levou sua equipe. Ele acabou saltando para a morte e Mão Branca conseguiu a pauta da semana: exibiu a queda no angulo mais explicito, e segundo dizem o corpo ao cair no chão, quicou duas vezes feito uma Bola, um fotografo que registrou o fato teve um derrame naquele dia, vindo a falecer anos depois.

Além desses fatos que puderam ser notados, o básico do programa era a crescente violencia, porém não tão intensa que só poderia encher a pauta de um programa semanal que se resumia em cenas explicitas de criminosos abatidos a bala, crimes passionais (sem nenhum respeito a vitima da covardia machista), suicidios, acidentes de automoveis daqueles que mostravam uma massa amorfa ensaguentada entre ferragens e geralmente um braço branco, fora da janela, e os extremos acidentes de trem, totalmente sem censura alguma.


"Alfred Hitchcock: O Gênio Incomparável do suspense escreveu esse livro no qual ele diz: vai levar você de emoção em emoção até ao incomparável, e são histórias como ele diz, capazes de assustar até o Próprio Mão Branca..." 

Porém todo esse espetaculo de mau gosto não durou eternamente, Taylor ficou alguns anos fora da TV para voltar em 1991, e depois disso sumiu por 10 anos já que havia sido superado pelo Aqui e Agora da TV Cidade, programa de temática policial mais leve e menos sombria, seguindo a linha do programa do SBT de São Paulo. Ele voltaria a TV por volta de 2001, no programa Cidade 190 como repórter, seguindo a mesma formula da luva branca, voz de taquara rachada e "chariots of fire" incessantemente como musica de fundo, e ficando com a "cereja do bolo" do que era mais violento no programa, certeza absoluta que para corações fracos, ali era melhor mudar de canal.

Apesar de tanta crueldade, ainda lhe foi conferida uma paródia: o mão preta de "Nas Garras da Patrulha".

Taylor faleceu em 2002, de infarto (não se sabe a data de nascimento, mas acho que faleceu na faixa dos seus 60 anos), tão esquecido e ignorado como as vítimas exibidas em seu programa, lembrado somente como um carniceiro da tv, a propria emissora que o alçou a fama parece não dedicar a ele mais que uma linha como se tivesse sido "um marco no jornalismo cearense" não se sabe se tem ainda seu programa no acervo do canal, o que se tem no youtube é somente uma chamada do retorno do seu programa em 1991, Talvez o canal agora buscando uma imagem mais séria e humana tenha vergonha desse funcionário, embora se diz que ele foi um marco, deveriam pelo menos ter a decência de cuidar da historia, já que o que foi feito, já foi feito.

Aliás, nas celebrações de aniversário do canal relembram-se sempre Irapuan Lima, Armando Vasconcelos, etc. omite-se entretanto,  Francisco Taylor Teixeira Lavor...

O que venho dar como opinião é que, história é história, não se enaltece o nazifascismo lembrando do holocausto, portanto lembrar de Taylor também de certa forma é lembrar do mau jornalismo, da falta de empatia e maquina de fazer doido que a tv e a midia pode ser em tempos de extremo desespero, desespero que levou um homem desempregado a pular da torre de tv, que levou pessoas com somente farinha no estomago, como mostrou a necropsia, a assaltar um banco com reféns e serem trucidadas pela policia, isso para só citar os fatos das paginas policiais, pois as vitimas da fome e até mesmo do desespero, só contam como números...

Edson Lopes.